27.12.05

Visitando pessoas



Não sei vocês, mas, para mim, uma das maiores graças em viajar é conhecer as pessoas de outros lugares. Bem, se vocês não puderem ir até Helsinque, pelo menos o povo de lá dá para conhecer pela internet. Ou, pelo menos, os mais "excêntricos" de lá.

26.12.05

As viagens de Trip

Um mês inteiro dedicado às viagens. Se você, pobre mortal, não consegue realizar esse sonho, pode, pelo menos, comprar a edição de dezembro da revista Trip. Uma edição especial dedicada às reportagens de viagem feitas pela Trip, com aquele jeito todo diferente de contar. Entre elas está um relato feito por Gabriel García Márques em Roma e outro feito por Luciano Huck em Uganda (?!?!). Guarde um tempinho a mais pra conhecer a personificação do espírito viajante numa entrevista com o criador do guia Lonely Planet, Tony Wheeler.

22.12.05

Acessório indispensável

Na fila do atendimento consular, hoje, tinha uma chinesa tentando liberação de documentos. Eles não estavam em ordem e o funcionário do Itamaraty não conseguia se fazer entender. Ela não falava português, nem inglês. Então lembrei de um acessório indispensável pra qualquer viagem: coragem.

21.12.05

Fora de rota



Pensando no destino da próxima Viagem (viagem com "v" maiúsculo mesmo), só cheguei a conclusão de que vou fugir das rotas turísticas tradicionais. E, sei lá porque, um lugar me veio à cabeça: Dubai. Deve esconder muitos outros segredos uma cidade onde um xeique manda construir um complexo de ilhotas no formato do mapa-mundi no meio do mar da Arábia (é disso que se trata a foto acima, acredite.) Mas, pensando melhor, já pensou se eu não gosto de Dubai? Se você tira férias, vai pra Bratslava e se desaponta, com 2 horas de avião você está em Praga, em Viena em Berlim. E nos Emirados Árabes? Vai pra Teerã, Riad, Kuwait? Nah... Melhor não inventar.

16.12.05

Mó viagem...


Você viaja porque? Porque?

O livro "A arte de viajar" foi uma grande descoberta em um sebo aqui de Brasília e, também, foi o "muso" inspirador deste blog. Além disso, me fez procurar mais sobre a obra do autor, o filósofo Alain de Botton*, e repensar muito o meu modo de viajar. O autor mostra alguns lugares do mundo com a ajuda da obra de filósofos, pintores, escritores e outros artistas. Todos eles enxergam o ato de viajar de uma maneira mais lúdica e interessante do que fazemos normalmente. E acabam tirando alguns pesos de nossas costas, e mochilas, como o de "ter que ver" e "ter que gostar" de alguns pontos turísticos e atrações que podem ser imperdíveis para outras pessoas, mas, não necessariamente, são para nós. Uma boa leitura não para aproveitar no avião. Mas para antes de entrar dentro dele.

*Do mesmo autor, recomendo "On seeing and noticing".

13.12.05

Mundaréu recomenda

VNeon I, SeattleAjE

Volta ao mundo em 80 cliques



Se você também quer fazer uma viagem ao redor do mundo (será que alguém NÃO quer isso?), vai gostar do Trip Planner. Um programinha em flash, disponível na internet, onde você simula todos os destinos da sua aventura. Ele ainda pesquisa pelos melhores preços de tarifas. E, se você não for viajar, dá pra passar horas brincando e sonhando diante da tela...

11.12.05

Diário (mental) de Viagem


Cadaqués, 2003

Às vezes eu fico feliz de não ter escrito um diário da minha viagem pela Europa. O registro tem que ser consultado, a memória nem sempre. As lembranças simplesmente aparecem de uma hora para outra, sem avisar, dando uma alegria inesperada em um dia inútil. Hoje lembrei de uma pequena igreja que visitei na cidade de Cadaqués, na Catalunha. Ela ficava encrostada entre as casas caiadas tão características das cidades à beira do Mediterrâneo. De um parapeito à frente da entrada era até possível ver o mar. Mas a grande (e inusitada) descoberta ficava dentro do pequeno templo. Sem nenhuma janela ou abertura, era impossível enxergar qualquer coisa dentro da aconchegante capela. Até que descobri uma caixa metálica pendurada em uma das paredes. Em catalão,francês e espanhol, uma placa explicava o funcionamento das luzes que iluminavam o altar. E pedia 1 Euro. Como bom viajante duro que eu era, fingi me atentar às poucas formas que se podiam perceber na escuridão até que algum outro turista mais afortunado colocasse na caixinha uma moeda. E logo fez-se a luz! Lá estava o bonito altar com seus santos e detalhes dourados. Acho que era possível, inclusive, ouvir uma musiquinha nos poucos segundos em que a luz ficou acesa. Não tenho certeza. Talvez fosse bom ter um diário pra relembrar também esses detalhes.

6.12.05

Trilhas e trilhas

Cruzando da Catalunha para a França de trem e escutando "Clandestino" do Manu Chao.

Eslovenia ou Cuba?

Só existe uma coisa pior do que não viajar: não saber pra onde ir. Mentira. É só uma frase de efeito pra começar um post. Mas escolher um destino está naquela categoria de coisas que são ruins mas são boas. E se “lá” não for tão legal? E se “lá” for caro? E se eu não arrumar boas informações sobre “lá”? Esse ser abstrato, o “lá”, consome muita coisa concreta. Dinheiro, principalmente. Por isso o friozinho na barriga na hora de decidir. Mas, deixando de lado a parte racional/material da escolha, decidir pra onde ir vai muito além das tarifas. Que estradas ou vôos tomar depende também do momento que a gente vive. Mesmo que inconscientemente nossas viagens estão cheias de porquês (e alguma vezes de “por quem”). Elas acabam refletindo alguns de nosso sentimentos e são diretamente afetadas por eles. Não sei explicar bem isso, mas deve haver correlações interessantes entre optar por um lugar “fácil” e outro “difícil” de se conhecer. Entre lugares cheios de signos compreensíveis e outro de tradução mais complicada. Talvez valha a pena pensar um pouco mais sobre nossos motivos de viagem. Pode ser um bom primeiro passo para se escolher um destino. E, também, para aproveitar lá.

5.12.05

Música de Viagem*

Au dessus des vieux volcans
Glissant des ailes sous les tapis du vent
Voyage Voyage
Eternellement
De nuages en marecages
De vent d'Espagne en pluie d'equateur
Voyage voyage
Vol dans les hauteurs
Au d'ssus des capitales
Des idees fatales
Regarde l'ocean

Voyage voyage
Plus loin que nuit et le jour {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Dans l'espace inoui de l'amour
Voyage voyage
Sur l'eau sacree d'un fleuve indien {voyage voyage}
Voyage {voyage}
Et jamais ne reviens

Sur le Gange ou l'Amazone
Chez les blacks chez les sikhs chez les jaunes
Voyage voyage
Dans tout le royaume
Sur les dunes du Sahara
Des îles Fiji au Fuji-Yama
Voyage voyage
Ne t'arretes pas
Au d'ssus des barbeles
Des cœurs bombardes
Regarde l'ocean


Voyage, voyage - Desireless

*Em blog de viagem também dá pra colocar letrinhas de música.

4.12.05

Trilhas e trilhas*

Chegando em Buenos Aires, para o show do Moby, uma chuva monstruosa e no rádio do taxi a música "Raining Again" do... Moby!

*Momentos nos quais a música e a estrada se tornam uma só coisa.

3.12.05

Bem-vindos ao Mundaréu

Apertem os cintos, coloquem suas poltronas na posição vertical e comecem a ler o Mundaréu. Histórias das minhas viagens e de amigos convidados, manuais de etiqueta para viajantes e algumas fotos. Aqui abaixo você já vai encontrar alguns textos originalmente publicados no LLL (no tempo em que aquilo era bom). É de graça, por isso não serviremos nem as barrinhas de cereal e nem os amendoins. Mas espero que vocês gostem das viagens.
l.

Como nascem os romances (Praga, novembro de 2002)


Cidade Velha de Praga, vista da Ponte Carlos.

Frio bobo. Com a sua brisinha congelante, achou que iria conseguir me deixar dentro daquele albergue. Errou. Primeiro que o lugar onde eu estava era péssimo, apesar da localização a 2 minutos da Staromestské námestí (Praça da Cidade Velha). Segundo que andar pelas ruas de Praga, mesmo com aquele frio todo, era sempre uma boa aventura. Descobertas a cada ruela, a cada esquina. E mais uma vez eu estava chegando à Karluv Most, a Ponte Carlos. Mesmo sendo indescritível, eu não resisto e tenho que falar sobre as estátuas barrocas por toda a ponte e a presença inspiradora de alguns violinistas tocando em troca de algumas Coroas. A vista para o Palácio de Praga. O rio Vltava calmo de novo, depois de fazer tantos estragos na cidade. E eu ali, sozinho. Vendo o fim do dia às 5 horas da tarde. Mas o que mais me chamou a atenção aquele dia não foram os raios do sol por atrás das antigas casas medievais. Foi um casaco vermelho. A medida que a gente vai conhecendo a Europa, percebe que o inverno fica ainda mais triste por causa das pessoas. Todas se vestem de cores escuras, acabrunhadas, deixando aquele mal-humor típico das baixas temperaturas tomar conta das ruas. E ela usando um enorme casaco vermelho. Provavelmente uma turista, como eu, não acostumada com a discrição européia. Fiquei observando ela recostar sobre o parapeito contrário ao que eu estava. Aproveitei para reparar melhor o quanto ela era bonita. Cabelos lisos e negros amarrados em um rabo-de-cavalo. Os olhos igualmente pretos com a visão perdida por aquela paisagem de cartão-postal. E eu sem conseguir desviar os meus dela. Lógico, estava tudo ali. Uma cidade exótica, uma paisagem maravilhosa, uma bela mulher solitária. Tudo pronto para um grande amor. E, ao contrário do que algumas mulheres imaginam, alguns homens também querem viver um grande amor. E, naquele momento, não havia como não pensar em me aproximar, sussurar alguma gracinha galanteadora, perguntar seu nome. Sair dali para um dos pequenos cafés do Malá Strana, trocar deliciosas histórias de viagem. Ficar sabendo tudo um sobre o outro, sobre os motivos reais da viagem de cada um. E nos despedirmos, já sob o o frio da noite, ela indo para o hotel, eu voltando para o tal albergue. Com tudo combinado para nos encontrarmos mais tarde na Praça da Cidade Velha e de lá sairmos abraçados só "pra esquentar um pouquinho". Nos esperando, uma das animadas boates da cidade. Uma fora do circuito turístico, somente com as pessoas de Praga. Para podermos dançar no meio de todas aquelas pessoas falando uma língua totalmente estranha enquanto nós dois, só com olhares, nos entendíamos bem. Depois voltarmos, ainda mais juntos, até o quarto de hotel dela, passarmos uma noite inesquecível e, ainda, aproveitar uma semana de sonhos em Praga. Poderíamos, após tudo isso, continuar juntos pela Europa, não nos vermos nunca mais, ela mudar comigo pro Brasil, eu ir com ela para seu país. De qualquer maneira, nunca mais esqueceríamos aquele breve romance na cidade onde poetas e escritores passaram suas vidas em busca de inspiração. Nossa história seria uma inspiração para um desses. Seria. Mas o pensamento longe, a imaginação sem limites, me roubaram o tempo. E enquanto eu pensava no que poderia ser, um outro homem se aproximou daquela mulher. E, para ele, as coisas foram. Conversaram brevemente, sorriram envergonhados e logo saíram caminhando juntos pela ponte. Aos poucos o casaco vermelho sumiu na paisagem cinza. Nessas horas fica difícil não se odiar, não se sentir um covarde, um menino. Nem mesmo com o consolo de ter sido uma testemunha tão próxima de como nascem os romances.

Berlim, novembro de 2002


Reichstag, Berlim. (foto tirada em uma Lomo SuperSampler)

Essa só os candangos entenderão mas não poderia deixar de contar.
Participando de um walking tour em Berlim, chegamos juntos com o guia à avenida Under den Linden. Logo, ele se apressou em nos dizer que a rua era a equivalente alemã à Champs Elisee, em Paris, ou à 5th Avenue, em Nova York. Sabendo que eu era brasileiro, mais especificamente de Brasília, me perguntou qual seria a equivalente brasiliense à esses renomados passeios. Pensei um pouco e sem vacilar lasquei:
- Chama-se W3.

(Já repararam que eu adoro contar essa história, né?)

Paixões Catalanas (Barcelona, Novembro de 2002)


Casa Batlló, Passeig de Gràcia, Barcelona.

A primeira coisa que me chamou a atenção assim que cheguei a Barcelona, além da beleza das suas praças, foram adesivos em forma de cartaz colados em postes da cidade. Com as cores da bandeira da Cataluña, os cartazetes continham frases como "Cataluña não é Espanha", "Somos um país" e outras coisas do tipo. Mas o mais interessante é notar que todas as frases estão em inglês, e não em espanhol ou catalão. Um foco bem definido: turistas. Na mesma cidade, um desconhecido escreveu nas colunas horizontais da estação do metrô uma poesia para sua amada. Detalhe: ele colocou 2 palavras, no máximo, em cada coluna. São, aproximadamente, umas 60 colunas. No fim, a frase TE QUIERO, com cada letra em uma coluna, terminando, exatamente, onde o concreto chega ao fim. Meticulosamente planejado. A Cataluña e suas paixões.

Últimos dias em Barcelona (Janeiro 2003)

Como foram bonitos os últimos dias em Barcelona. O sol, que insistia em sair tímido semanas atrás, voltou a se mostrar fortemente pelas colinas de Tibidabo. Aquele frio que nos dava tanta preguiça de sair de casa, se transformou em uma brisa gostosa e em um clima ameno de fim de inverno. Caminhar pelo Passeio de Gracia ou pela Rambla de Catalunha voltou a ser um programa prazeroso para aquelas horas de siesta na qual tudo está fechado. E as lindas catalanas novamente foram às ruas. Elas que pareciam ter sumido nos dias anteriores, talvez por estarem enclausuradas em seus pisos aconchegantes com o calor da calefação. E reapareceram mais perfumadas, mais elegantes e mais sensuais do que nunca. Como foram bonitos os dias que antecedem minha partida de Barcelona. Em uma conjunção inigualável e maravilhosa de sons, cheiros e imagens, a cidade parecia querer, então, me dizer suas últimas palavras: tchau, babaca.

Lisboa, 30 de janeiro de 2003

Saudade é quando o corpo vai e o coração fica.